“Quatro coisas há na terra que são pequenas, entretanto são extremamente sábias; as formigas são um povo sem força, todavia no verão preparam a sua comida; os coelhos são um povo débil, contudo fazem a sua casa nas rochas; os gafanhotos não têm rei, contudo marcham todos enfileirados; a lagartixa apanha-se com as mãos, contudo anda nos palácios dos reis”. Provérbios 30:24-28.
Um dos lugares mais extraordinários para se levar uma criança é um zoológico. Mesmo adultos, quando se trata de um bom zoológico, apreciam uma visita ali. O que mais o atrai no mundo animal? As pessoas costumam se interessar por grandes animais, ou pelos mais exóticos.
Porém, a Bíblia fala, em Provérbios 30:24-28, sobre quatro animais pequenos que têm muito a nos ensinar: formigas, coelhos, gafanhotos e lagartixas.
De fato, a Palavra de Deus nos manda atentar para os animais pequenos. “Observe a formiga, preguiçoso, reflita nos caminhos dela e seja sábio!” (Pv 6:6). A começar pela formiga, vamos olhar para esses pequenos seres, porque neles há mais sabedoria do que nos maiores sábios. O que podemos aprender com as formigas?
Há duas características que me chamam a atenção. As formigas têm a virtude de planejar. Preparando-se para o inverno, já no verão começam a armazenar alimentos. Ah... se fôssemos assim também! Muitas dificuldades que enfrentamos são fruto de nossa falta de planejamento. Há pessoas que atribuem suas tribulações às circunstâncias, aos outros, até mesmo a Deus! É verdade que há coisas que nos sucedem que são produto das circunstâncias; mas aqui quero me referir à falta de organização e planejamento. Muitos querem viver o momento presente, sem considerar a necessidade de provisão para o futuro (como a cigarra da fábula clássica).
A outra virtude que é própria das formigas é a concordância. Você já reparou como, entre o formigueiro e a fonte de alimento que estão buscando, as formigas se enfileiram? Sabe o porquê disso? Para poupar esforço. Assim, otimizam seu trabalho, tornando-o eficaz com um esforço menor. Poderíamos usar isso como uma parábola, porque se tivéssemos a consciência da necessidade de aprendermos a trabalhar em equipe, seríamos muito mais produtivos, e extrairíamos muito mais das nossas iniciativas.
Um segundo animal que o texto de Provérbios aponta é o coelho. O texto acima nos diz que ele faz sua casa nas rochas. O mesmo está escrito no Salmo 104:18b: “os penhascos são um refúgio para os coelhos”. Isso lhe lembra algo? No Novo Testamento, Jesus falou sobre aquele que constrói sua casa sobre a rocha (Lucas 6:48). Pense na fragilidade de um coelho. Entretanto, ele busca, sabiamente, um lugar seguro (as rochas e penhascos). Ali ele se defende de predadores, e das intempéries da natureza.
Outro animal referido em nosso texto principal é o gafanhoto, e ali se afirma que “marcham enfileirados” (ou “em bandos”, segundo outra versão). Que lições aprendemos aqui? Primeiramente, aprendemos o poder da unidade. Um gafanhoto solitário não consegue muita coisa. Mas um bando deles é capaz de devorar plantações em pouquíssimo tempo. Além disso, estando “em bando”, estão menos suscetíveis a ataques dos seus predadores. Outra lição é “pensar grande”.
Quando falamos em bando de gafanhotos, não estamos pensando em umas poucas dezenas. Falamos de muitas centenas, ou mesmo milhares. É algo impressionante! Se trouxermos isso para a realidade da Igreja, devemos aprender a pensar em algo de muita expressão. Quando pensamos nos tempos do fim que se aproximam, precisamos considerar a igreja como “um exército grande em extremo” (Ezequiel 37:10). Enquanto setores da Igreja “pensarem pequeno”, o impacto será igualmente pequeno. Nunca iremos além da visão que temos a nosso próprio respeito.
Finalmente, o texto se refere ao geco (popularmente conhecido como lagartixa). Há algumas habilidades peculiares a ele. Esse pequenino animal é capaz de se sustentar e caminhar sobre qualquer superfície – mesmo de cabeça para baixo! Isso fala de versatilidade, adaptabilidade, criatividade. Como precisamos disso! Outra característica notável é sua resistência: ele sustenta mil vezes o próprio peso. Essas características fazem com que ele seja encontrado em palácios! Nós também, ao desenvolvermos essas habilidades, seremos levados aos lugares altos; sendo o mais importante, o palácio do Grande Rei!
Quando concluí minha reflexão sobre esse texto, considerei como Deus tem, de fato, uma predileção pelas coisas pequenas. Muitas vezes consideramo-nos pequenos demais... mas, à luz daquilo que essa passagem bíblica revela, não temos desculpa.
Há um eco disso no Novo Testamento: “Deus escolheu as coisas pequenas deste mundo para confundir as grandes” (1 Coríntios 1:27). Assim também, Deus escolheu essas coisas pequenas – formigas, coelho, gafanhoto e lagartixa – para nos ensinar verdades profundas e mais sábias do que os sábios... Considere! Seja sábio!
Pr. Valdir Lemes - CCRP